Rios no Amazonas iniciam processo de vazante e agricultores retomam cultivos para recuperar prejuízos
25/07/2025
(Foto: Reprodução) Rios no Amazonas iniciam processo de vazante e agricultores retomam cultivos para recuperar prejuízos.
Reprodução/Rede Amazônica
Depois de enfrentar um período de forte cheia, boa parte dos rios no Amazonas agora passam pelo processo de vazante. No município de Benjamin Constant, cortado pelo Rio Solimões, os agricultores voltaram a cultivar a terra, com esperança de recuperar os prejuízos.
A cheia dos rios no Amazonas afetou mais de 535 mil pessoas, segundo a Defesa Civil. As comunidades atingidas enfrentam dificuldades para se deslocar, perdas na produção agrícola e alagamentos em suas casas.
O ciclo de cheia e vazante influencia diretamente na vida dos ribeirinhos e dos agricultores que agora estão com o solo mais fértil e investindo em novas produções.
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Enquanto a mãe limpa a frente de casa, o agricultor Francisco Maciel e o tio preparam o roçado às margens do rio Solimões para plantar mandioca, principal fonte de renda da família, que agora volta a ser possível com a diminuição das águas.
"Está mais fértil, porque quando o rio cresce, também a terra cresce um pouco. Aí ela fica mais fértil, fica melhor a gente plantar. Daí a mandioca dá mais bonito ainda", contou o agricultor.
O ciclo das águas em Benjamin Constant , na tríplice fronteira entre Brasil , Colômbia e Peru tem enfrentado extremos. Em 2024, houve uma estiagem severa. Em 2025, o município foi um dos 40 do estado do Amazonas que decretou situação de emergência pelo período de cheia -- que durou até maio.
Rios no Amazonas iniciam processo de vazante e agricultores retomam cultivos para recuperar prejuízos.
Reprodução/Rede Amazônica
Em várias comunidades, as hortaliças plantadas depois da enchente estão prontas para a colheita, mas a ajuda humanitária estadual da cheia só foi entregue na última semana, depois que o rio já havia baixado quase três metros. A ajuda do Governo Federal está prometida para ser entregue nas próximas semanas.
A prefeitura de Benjamin Constant informou que enquanto organiza a distribuição da ajuda da cheia, jáá começou a agir para minimizar os impactos da seca dos rios, conforme o secretário da Defesa Civil do município, Ricelly Dácio.
"Nós estamos saindo do primeiro desastre, que nós estamos já da enchente, mas já estamos pensando e trabalhando, se planejando para o enfrentamento da estiagem. As vezes, o período de chuva é muito, muito escasso. Então, a gente precisa dar uma resposta. A resposta é fazendo a perfuração de poços", informou.
O agricultor Juarez Fernandes passou a retirar, ao poucos, as folhas e galhos secos da produção perdida de maracujá. A área onde faz sua plantação ficou alagada pela enchente, mas os novos pés já estão crescendo e a expectativa é colher o fruto ainda este ano.
"A água começou a descer 27 de maio. Em junho, nós começamos a plantar e se Deus ajudar, como ele sempre nos ajuda, em novembro nós estamos começando a colher. Vamos colher até a água vir. Se não vier, vamos colher o ano completo e pode chegar no outro ano", explicou o agricultor que espera recuperar os prejuízos causados pela cheia.
Rios no Amazonas iniciam processo de vazante e agricultores retomam cultivos para recuperar prejuízos.
Reprodução/Rede Amazônica
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Impactos no estado
Na capital, o Rio Negro alcançou a marca de 29,05 metros, conforme dados do porto, ficando cinco centímetros acima da cota de inundação severa, que é de 29 metros.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Educação e Desporto Escolar (Seduc), 444 alunos foram impactados pela cheia dos rios em quatro municípios: Anamã, Itacoatiara, Novo Aripuanã e Uarini. Os alunos seguem com o calendário do “Aula em Casa”, programa de ensino remoto.
Segundo o Governo do Amazonas, para auxiliar os afetados pela cheia já foram enviados 580 toneladas em cestas básicas, 2.450 caixas d’água de 500 litros, 57 mil copos de água potável da Cosama, além de 10 kits purificadores do programa Água Boa e uma Estação de Tratamento Móvel (Etam) para dezoito municípios.
Também foram destinados 72 kits de medicamentos para os municípios de Apuí, Boca do Acre, Manicoré, Humaitá, Ipixuna, Guajará e Novo Aripuanã, beneficiando mais de 35 mil pessoas.
Manicoré recebeu uma nova usina de oxigênio, com capacidade para produzir 30 metros cúbicos por hora, destinada ao hospital municipal. Já Apuí, foi contemplado com seis cilindros de oxigênio para servir como reserva de segurança.
Cidade de Itacoatiara, no interior do Amazonas, afetada pela cheia em 2025
Liam Cavalcante, da Rede Amazônica
Moradores de Anamã e Manacapuru encaram os estragos deixados pela cheia