Caçador que ficou perdido 50 dias em floresta no AM disse que foi 'encantado' pela 'Mãe da Mata'; entenda que entidade é essa
31/05/2025
(Foto: Reprodução) Caçador Magnilson da Silva Araújo, de 34 anos, encontrado após mais de 50 dias desaparecido, disse que se perdeu após ter sido encantado pela entidade. O g1 conversou com um folclorista e historiador para entender as lendas sobre a entidade. Caçador é encontrado vivo após 50 dias desaparecido em floresta no Amazonas
O caçador Magnilson da Silva Araújo, de 34 anos, encontrado vivo após mais de 50 dias desaparecido em uma área de mata no interior do Amazonas, disse que se perdeu após ter sido encantado por uma "entidade da floresta" que se dizia "mãe da mata". Ao g1, o folclorista e historiador, Nonato Torres, explicou quem é a entidade.
Magnilson desapareceu no dia 7 de abril, durante uma caçada com outros dois comunitários na região do km 50 da rodovia AM-352, que liga os municípios de Manacapuru a Novo Airão. Segundo os familiares, em determinado momento da caçada, ele decidiu seguir sozinho por um caminho diferente após ter sido "encantado pela Mãe da Mata". Desde então, não havia sido mais visto.
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A entidade é descrita como uma jovem mulher de características indígenas que caminha pela floresta. Há quem relate que a entidade usa trajes feitos de folhas secas e pode ser vista como protetora generosa ou uma guerreira mística, dependendo da narrativa.
Segundo o folclorista e historiador, a entidade protege a mata de invasores e de pessoas que desejam fazer o mal ao meio ambiente. Suas histórias são repassadas de geração para geração por ribeirinhos e nativos da região amazônica.
"A 'Mãe da Mata' é uma entidade protetora da mata. Quem acredita nisso? São os indígenas e também o caboclo ribeirinho. 'Mãe da Mata' é como se fosse um espírito protetor, como o 'Curupira', o 'Boitatá' e os chamados os 'Angaturamas'. Eles protegem a mata do caçador, eles protegem a mata dos que querem fazer mal a ela, dos invasores", explicou Torres.
Para ele, o relato feito pelo caçador após ter passado os 50 dias perdido na mata evidencia as histórias que costumam ser contadas pelos indígenas e ribeirinhos sobre a chamada "Mãe da Mata".
"Uma pessoa que entra no meio da mata e se perde, em princípio, é porque de alguma forma ele tem um malefício a fazer e aí eles são direcionados (pela entidade), são levados a se perderem. Temos que acreditar nas histórias dos que contam, dos ribeirinhos, dos indígenas. Se o caçador que levou 50 dias perdido fala nesse espírito, é porque ele também nos traz a realidade, essa história de que existe um espírito protetor", disse.
Encantado pela "Mãe da Mata"
O irmão de Magnilson, o autônomo Francisco da Silva Araújo, contou que o caçador relatou brevemente o que teria acontecido durante o desaparecimento: ele disse que passou a acreditar estar sendo guiado por uma "entidade da floresta".
"Ele só falou que estava encantado. Tinha uma mulher que chamava, e ele saiu buscando essa mulher que levava ele e dizia que era a 'mãe da mata'. Ele estava atordoado, andava, andava e voltava para o mesmo lugar. Tentou se matar, mas não tinha mais cartuchos. Então ele orou e disse que Deus o guiou até a casa de uma pessoa evangélica, onde foi encontrado", disse.
Francisco afirmou que o irmão não deu mais detalhes sobre como sobreviveu durante o período em que esteve perdido na mata por ainda estar muito debilitado. O caçador está internado em uma unidade de saúde em Manacapuru.
Resgate
Na manhã da quarta-feira (28), Magnilson reapareceu em uma área de mata no Ramal do Tumbira, cerca de 5 km do ponto onde foi visto pela última vez. Desidratado e visivelmente debilitado, ele surgiu próximo a uma residência e pediu ajuda.
O caçador foi acolhido por moradores da região, que lhe ofereceram comida. No entanto, devido ao estado de fraqueza, passou mal após se alimentar e precisou ser levado pelo Corpo de Bombeiros a uma unidade hospitalar.
Equipes do Corpo de Bombeiros de Novo Airão e Manaus chegaram a atuar nas buscas por mais de dez dias com auxílio de cães farejadores, mas nenhuma pista havia sido encontrada até então. Familiares e moradores da região também participaram da procura.
Após o resgate, a família que acolheu Magnilson fez uma publicação nas redes sociais, e foi por meio dela que os parentes ficaram sabendo que ele estava vivo. Durante o reencontro, uma familiar emocionada gravou um vídeo relatando o estado dele e agradecendo pelo apoio recebido:
"Ele tá aqui! Obrigada por todo apoio e oração. Deus botou a mão na vida dele e ele está vivo até hoje".
Caçador resgatado após 50 dias perdido em floresta no Amazonas
Divulgação