Caso Julieta Hernández: segunda audiência ouve cinco testemunhas e nova sessão será marcada
03/12/2024
Sessão vai ser realizada no município de Presidente Figueiredo, onde o crime aconteceu. Família pede que caso seja julgado como feminicídio. Chegada de Julieta Hernandez na vila balneária de Alter do Chão, em Santarém-PA
Juliana Balsalobre / Arquivo pessoal
A segunda audiência de instrução do caso Julieta Hernández, artista venezuelana que foi morta durante passagem pelo interior do estado, no fim do ano passado, foi concluída no início da tarde desta terça-feira (3). Na ocasião, cinco testemunhas foram ouvidas presencialmente e uma nova sessão deve ser marcada para a continuidade dos trabalhos.
Julieta desapareceu no dia 23 de dezembro no interior do estado, e o corpo dela, juntamente com partes da bicicleta que usava, foi encontrado no início de janeiro deste ano nas proximidades de um refúgio onde ela estava hospedada. Ela morava no Brasil há 8 anos e fazia parte do grupo "Pé Vermêi", composto por artistas e cicloviajantes que percorrem o país.
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A audiência desta terça-feira ocorreu à portas fechadas no Fórum de Justiça Desembargadora Nayde Vasconcelos, no município de Presidente Figueiredo, onde o crime ocorreu. Durante a sessão, a defesa de Julieta insistiu em tentar reclassificar o crime como feminicídio. As cinco testemunhas ouvidas apresentaram novos indícios que corroboram esta tese.
Uma sexta testemunha era esperada na sessão, mas não compareceu. Por este motivo, o juiz responsável pelo caso decidiu por marcar uma nova sessão, em data a ser definida, e manter a classificação do crime como latrocínio.
A primeira audiência do caso, realizada em agosto deste ano, foi suspensa após a requisição de um documento citado durante a sessão.
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Relembre o caso
Julieta desapareceu no dia 23 de dezembro do ano passado, e o Boletim de Ocorrência (BO) foi registrado no dia 4 de janeiro na Delegacia Virtual do Amazonas (Devir), e encaminhado à 37ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Presidente Figueiredo, cidade onde aconteceu o crime, que iniciou as investigações.
O BO informava que o último contato da vítima com a família teria sido no dia 23 de dezembro, por volta de meia-noite e meia, quando ela teria dito que iria pernoitar em Presidente Figueiredo, e seguiria para Rorainópolis, em Roraima.
De acordo com o delegado Valdinei Silva, no mesmo dia, um morador localizou partes da bicicleta da vítima e acionou a polícia. Quando a equipe chegou ao local, Thiago tentou fugir, mas foi capturado.
Ele e a esposa foram conduzidos à delegacia e entraram em contradição nos depoimentos, e assim confirmaram a autoria do crime. Conforme a polícia, Deliomara confessou que matou a venezuelana, após uma crise de ciúmes. Isso, porque ela prenunciou o companheiro estuprando a vítima depois deles roubarem os pertences dela.
Thiago Agles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos. Casal é suspeito de matar artista venezuelana Julieta Hernández no Amazonas
Divulgação
Thiago contou uma versão diferente à polícia. De acordo com o suspeito, a venezuelana e ele usavam drogas, quando a companheira ficou com ciúme, jogou álcool nos dois e ateou fogo.
Ele disse ainda que apagou o fogo do corpo e chegou a procurar um hospital em busca de socorro. No entanto, enquanto isso, a esposa amarrou uma corda no corpo de Julieta, que estava desacordada, arrastou a vítima para uma área de mata e a enterrou.
Depois das contradições apresentadas pelos suspeitos, a polícia chegou em uma conclusão de como a artista foi atacada.
“A vítima estava dormindo em uma rede na varanda do local, quando Thiago pegou uma faca e foi até ela para roubar seu aparelho celular. Eles entraram em luta corporal, ele a enforcou, a jogou no chão e pediu que Deliomara amarrasse os pés dela. Em seguida, ele a arrastou para dentro da casa, pediu que a esposa apagasse as luzes e passou a abusar sexualmente da vítima”, detalhou o delegado.
Após a mulher do suspeito presenciar o fato, jogou álcool em ambos e ateou fogo. Thiago conseguiu apagar o fogo com um pano molhado e foi até uma unidade hospitalar receber atendimentos médicos. Já Deliomara enforcou Julieta com uma corda e a enterrou no quintal.
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