Cheia em Manaus deve atingir ápice em duas semanas, mas não supera recorde histórico, aponta Serviço Geológico do Brasil
30/05/2025
(Foto: Reprodução) Projeção consta no 3º Alerta de Cheias da Bacia do Amazonas de 2025, divulgado nesta sexta-feira (30). Além da capital, monitoramento traz projeções para Manacapuru, Itacoatiara e Parintins. Rio Negro no Porto de Manaus.
William Duarte/Rede Amazônica
A cheia do Rio Negro em Manaus deve atingir o ápice dentro de duas semanas, mas não há previsão de que o nível da água ultrapasse o recorde histórico de 30,02 metros, registrado em 2021. A projeção consta no 3º Alerta de Cheias da Bacia do Amazonas de 2025, divulgado nesta sexta-feira (30) pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB).
Além da capital amazonense, o monitoramento hidrológico do SGB abrange os municípios de Manacapuru, Itacoatiara e Parintins.
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Segundo o órgão, embora a cheia deste ano seja considerada de grande impacto, o nível do Rio Negro deve permanecer abaixo da cota de inundação severa, fixada em 29 metros. A previsão é de que a cota máxima em Manaus fique em torno de 28,84 metros.
Em Itacoatiara, o Rio Amazonas já ultrapassou a cota de inundação, mas a probabilidade de atingir os níveis extremos de 2021 é de menos de 1%, conforme destacou a pesquisadora do SGB, Jussara Cury. A expectativa é de que o município atinja o pico da cheia já na próxima semana.
Confira as previsões da SGB para os municípios:
Manaus - Rio Negro
Nesta sexta-feira (30), o Rio Negro está com a cota de 28,53 metros. Ele apresenta 35% de chance de alcançar a marca de inundação severa, mas sem passar de 29,16 metros segundo a projeção. A possibilidade atingir a cota máxima registrada na história é de menos de 1%.
🔴 Cota máxima registrada (2021): 30,02m
🟠 Cota de inundação severa: 29,00m
🟡 Cota de inundação: 27,50m
⚪ Cota de alerta: 27,00m
Manacapuru - Rio Solimões
O Rio Solimões atingiu a marca de 19,34 metros, na quinta-feira (29) e, no ápice, deve chegar a 19,67 metros. O SGB projeta que há 65% de chances de ocorrer uma inundação severa e, caso ocorra, o nível máximo a ser atingido seria 19,94 metros. As chances de atingir a cota máxima registrada na história é de menos de 1%.
🔴 Cota máxima registrada (2021): 20,86m
🟠 Cota de inundação severa: 19,60m
🟡 Cota de inundação: 18,20m
⚪ Cota de alerta: 17,70m
Itacoatiara - Rio Amazonas
No município, o Rio Amazonas está na marca de 14,35 metros nesta sexta e já ultrapassou a cota de inundação severa. O órgão apontou que há menos de 1% de chance de se atingir a cota máxima registrada e que no pico da cheia o rio fique na média de 14,45 metros.
🔴 Cota máxima registrada (2021): 15,20m
🟠 Cota de inundação severa: 14,20m
🟡 Cota de inundação: 14,00m
⚪ Cota de alerta: 13,50m
Parintins - Rio Amazonas
O município também deve atingir o ápice da cheia nos próximos dias, atingindo a média de 8,58 metros. Na quinta-feira (29), o rio está com a cota de 8,52 metros, apresenta 1% de chances para uma inundação severa e menos de 1% para atingir a cota máxima registrada.
🔴 Cota máxima registrada (2021): 9,47m
🟠 Cota de inundação severa: 9,30m
🟡 Cota de inundação: 8,43m
⚪ Cota de alerta: 8,00m
Situação de emergência
A cheia que atinge o Amazonas avança e já atinge 85.940 famílias, aproximadamente 343.748 mil pessoas impactadas diretamente, segundo a Defesa Civil do estado, durante a divulgação do 3º Alerta de Cheias, nesta sexta. As nove calhas de rios do Amazonas seguem em processo de cheia, com picos variados previstos entre março e julho.
De acordo com os decretos municipais, dos 62 municípios amazonenses, 29 estão em situação de emergência, 28 em alerta, três em atenção e dois em normalidade. Na terça-feira (27), o município de Tefé saiu da situação de alerta para situação emergência.
Confira a lista dos 29 municípios que estão em situação de emergência:
Humaitá - Rio Madeira
Apuí - Rio Madeira
Manicoré - Rio Madeira
Boca do Acre - Rio Purus
Guajará - Rio Juruá
Ipixuna - Rio Juruá
Novo Aripuanã - Rio Madeira
Benjamin Constant - Rio Solimões
Borba - Rio Madeira
Tonantins - Rio Amazonas
Itamarati - Rio Juruá
Eirunepé - Rio Juruá
Atalaia do Norte - Rio Solimões
Careiro - Rio Solimões
Santo Antônio do Içá - Rio Solimões
Amaturá - Rio Solimões
Juruá - Rio Solimões
Japurá - Rio Amazonas
São Paulo de Olivença - Rio Solimões
Jutaí - Rio Jutaí
Careiro da Várzea - Rio Solimões
Maraã - Rio Japurá
Anamã - Rio Amazonas
Carauari - Rio Juruá
Fonte Boa - Rio Solimões
Itapiranga - Rio Amazonas
Nova Olinda do Norte - Rio Madeira
Urucurituba - Rio Amazonas
Tefé - Rio Solimões
Além dos municípios em emergência:
Três estão em estado de atenção;
29 em alerta;
e dois em normalidade.
Impactos
A cidade de Anamã, no interior do Amazonas, está com 70% do território alagado pela cheia do Rio Solimões e cerca de 1,7 mil famílias estão sendo afetadas, informou a Defesa Civil Municipal nta terça-feira (27). Anamã é um dos 29 municípios em situação de emergência.
De acordo com a prefeitura, 800 famílias na sede do município já estão sofrendo os impactos causados pelo alto nível do Rio Solimões. Já em 22 comunidades da zona rural, 997 famílias estão sendo afetadas.
"As principais dificuldades são as locomoções. Pra gente sair mesmo de casa fica mais difícil. Para quem tem canoa fica bom, para quem não tem não fica complicado", relatou o agricultor Leandro Ribeiro.
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