‘Eu tomo banho nessa água’: cidade no AM vive preocupação com lixão em rio de cidade peruana vizinha
10/08/2025
(Foto: Reprodução) Um problema que afeta o meio ambiente e a saúde pública está se espalhando na fronteira Brasil-Peru
O problema ambiental e de saúde pública causado por um lixão a céu aberto na cidade de Islândia, no Peru, preocupa moradores do município amazonense de Benjamin Constant, na fronteira Brasil-Peru-Colômbia. O depósito irregular de resíduos, que inclui restos de comida, plásticos e até frascos de soro, está localizado próximo ao rio Javarizinho — curso d’água que deságua nos rios Javari e Solimões, atingindo comunidades brasileiras.
Entre os mais afetados estão os moradores do Ramal Diana, comunidade ribeirinha de Benjamin Constant mais próxima ao lixão por via fluvial. Lá, vive Marluce Rodrigues, dona de casa, que depende diretamente do rio para o dia a dia.
“Eu tomo banho nessa água, eu lavo vasilha, lavo roupa, só não faço comida, mas o resto tudo é aí”, conta.
Benjamin Constant vive preocupação com lixão em rio de cidade peruana vizinha.
Rede Amazônica
Pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) já identificaram contaminação nas águas da região. Segundo a pesquisadora Alcinei Pereira Lopes, responsável pelo monitoramento, a situação representa risco grave.
“Nós encontramos principalmente um pH baixo, oxigênio dissolvido baixo e presença de coliformes totais e termotolerantes em todos os pontos analisados. É um problema não só ambiental, é um risco à saúde pública”, alertou Alcinei.
Autoridades locais pedem ação urgente. O secretário de Meio Ambiente de Benjamin Constant, Gladson da Silva, afirma que a solução depende de articulação internacional.
“Se a gente não fizer nada, não tiver nenhum tipo de alternativa ou apoio, a problemática só aumenta. Temos que buscar alternativas para melhorar essa situação”, disse.
O Ministério do Meio Ambiente informou que o governo peruano pediu prazo para apresentar um estudo com soluções e que o Brasil seguirá as negociações diplomáticas. Há também a intenção de captar recursos para construir um aterro sanitário regional em Benjamin Constant, que possa atender as cidades do Alto Solimões.
Período de seca expõe os riscos
Numa região onde predominam água e floresta, o lixão a céu aberto chama a atenção: é o lugar de descarte da cidade de Islândia, departamento de Loreto, na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.
O vilarejo é conhecido como a Veneza peruana porque, assim como a cidade italiana, fica tomado por água boa parte do ano.
Benjamin Constant vive preocupação com lixão em rio de cidade peruana vizinha.
Rede Amazônica
Agora, no período de vazante dos rios, a terra firme aparece e deixa ainda mais evidente tudo que é jogado fora: de restos de comida até o que poderia ser reciclado, como plásticos.
O problema se agrava durante o período da cheia. Há pouco mais de dois meses, a maior parte dos resíduos sólidos estava submersa. Frascos de soro indicavam, inclusive, um possível descarte irregular de lixo hospitalar.
*Com informações de Ruthiene Bindá, da Rede Amazônica