Ex-namorado de Djidja Cardoso volta às redes sociais para fazer publicidade após condenação por tráfico
21/01/2025
Bruno Roberto está em liberdade enquanto recorre da condenação a mais de 10 anos de prisão por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Djidja Cardoso e o ex-namorado Bruno Roberto.
Redes sociais e Reprodução
Bruno Roberto da Silva Lima, ex-namorado de Djidja Cardoso, voltou a usar as redes sociais para promover publicidade, mesmo respondendo em liberdade após ser condenado a mais de 10 anos de prisão por tráfico de drogas e associação para o tráfico.
Bruno foi preso em 7 de junho do ano passado, durante uma das fases da operação que investigou a morte de Djidja, ex-sinhazinha do Boi Garantido, encontrada morta no fim de maio. A principal linha de investigação policial aponta para uma possível overdose de cetamina como causa da morte.
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Além disso, ele foi investigado por fazer parte da seita criada pela família de Djidja, chamada "Pai, Mãe Vida, Cura", que incentivava o uso indiscriminado da droga sintética conhecida por causar alucinações e dependência.
Na última segunda-feira (20), Bruno voltou a publicar nas redes sociais pela primeira vez após a condenação judicial. Em sua postagem, ele realizou uma publicidade de suplementos para academia. Veja abaixo.
Djidja Cardoso: ex-namorado de empresária morta no AM volta às redes sociais para fazer publicidade.
Reprodução
"Potencializando cada treino com o que há de melhor! Suplementos de qualidade que nos ajudam a alcançar nossos objetivos e manter a energia lá em cima. Vamos juntos nessa jornada rumo a uma vida mais saudável!", postou.
Na publicação, ele promoveu suplementos para academia. A postagem teve quase 700 curtidas e 77 comentários, entre eles: "Graças a Deus, mano. Que Deus restitua sua vida, com paz e sabedoria", escreveu um dos seguidores.
Já nesta terça-feira (21), Bruno utilizou a mesma rede para afirmar: "Internet não é terra sem lei. Muito cuidado com o que postam". publicou.
Antes do caso vir à tona, a última publicação de Bruno havia sido feita em 24 de maio do ano passado, uma semana antes da morte de Djidja. Na ocasião, ele postou uma foto com a legenda: "Melhorando".
O g1 não conseguiu contato com a defesa de Bruno até a publicação desta matéria.
Causa da morte de Djidja
Ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, foi encontrada morta em Manaus.
Reprodução/Redes Sociais
Djidja, que foi uma das principais atrações do Festival de Parintins por cinco anos, foi encontrada morta no dia 28 de maio. O laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) indica que a morte da ex-sinhazinha foi causada por um edema cerebral, que comprometeu o funcionamento do coração e da respiração.
No entanto, o laudo não esclarece o que teria provocado o quadro. A principal linha de investigação da polícia aponta para a possibilidade de uma overdose de cetamina como causa da morte.
De acordo com as investigações, o corpo de Djidja foi encontrado pelos policiais com sinais de overdose e indícios do uso da substância injetável. No dia da morte de Djidja, a polícia também encontrou frascos de cetamina enterrados no quintal da casa dela, além de caixas da droga, seringas, frascos, bulas e cartelas de remédios na lixeira da propriedade.
Conforme a polícia, o irmão de Djidja Cardoso, Ademar Farias, introduziu a cetamina na família após ter tido contato com a droga durante uma viagem a Londres, onde buscava tratamento contra dependência química. Posteriormente, ele e os demais membros da família criaram o grupo religioso "Pai, Mãe, Vida".
Durante a apuração do caso, a Polícia Civil identificou que o grupo realizava rituais nos quais promoviam o uso indiscriminado de cetamina, uma droga sintética utilizada tanto em humanos quanto em animais. Para pessoas, a cetamina é usada como anestésico, analgésico e, em alguns casos, no tratamento da depressão. Embora seu uso recreativo seja comum, ele é ilegal desde 1980.
As investigações indicaram, ainda, que algumas vítimas do grupo foram submetidas a violência sexual e aborto.
O grupo liderado pela mãe e pelo irmão de Djidja Cardoso acreditava que Ademar (irmão) era Jesus Cristo, Cleusimar (mãe) era Maria, e Djidja seria Maria Madalena. Eles defendiam o uso de cetamina como meio para alcançar a elevação espiritual.
Os rituais aconteciam principalmente nos salões de beleza e na residência da família, onde foram encontradas ampolas de cetamina, seringas e agulhas.
Ademar se apresentava nas redes sociais como um "guru" que ajudava as pessoas a "sair da Matrix" e alcançar um "plano superior". Ele e a mãe tinham o nome do grupo tatuado.
A Polícia Civil, através da Operação Mandrágora, prendeu cinco membros do grupo e apreendeu centenas de seringas, agulhas, cetamina e outros materiais nas residências e em uma clínica veterinária associada ao grupo.
No dia 8 de junho, José Máximo de Oliveira, proprietário da clínica veterinária acusada de fornecer cetamina para a família de Djidja Cardoso, se entregou no 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), em Manaus. Ele teve o mandado de prisão decretado após ser intimado três vezes a depor e não comparecer em nenhuma das ocasiões.
Durante a segunda fase da operação, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão em três clínicas veterinárias e petshops, incluindo a de José Máximo, informou o delegado responsável pelo caso. Em um dos estabelecimentos, foi encontrado o anabolizante potenay, também utilizado pela família durante os rituais de elevação espiritual.
Inquérito
O g1 teve acesso ao inquérito do caso, que estava em sigilo de Justiça durante as investigações, e descreve que Djidja sofria torturas físicas da própria mãe.
O documento apresentou novos depoimentos de testemunhas do caso, entre eles o da empegada doméstica que trabalhava na casa da família Cardoso desde 2022.
À polícia, a mulher contou que Cleusimar Cardoso tinha um comportamento agressivo e que por muitas vezes machucava Djidja, como por exemplo, "assanhar" os cabelos, beliscá-la e torcer seu braço.
A dependência química de Djidja já era conhecimento de outros familiares, que denunciaram o caso à polícia um ano antes da morte da ex-sinhazinha. Conforme o registro, uma familiar contou que a empresária não podia receber visitas e nem sair de casa, pois se encontrava sempre sob efeito da droga.
Justiça condena família de Djidja Cardoso por tráfico de drogas