Justiça solta mãe de bebê estuprada e morta no AM após 8 meses de prisão
Mulher ela era uma das 14 pessoas presas por participação na morte do suspeito do crime, em 2024. Populares invadem delegacia e lincham suspeito de estuprar e matar criança de 1 ano no AM
A Justiça revogou a prisão preventiva da mãe de uma criança de um ano que foi morta após sofrer estupro no município de Jutaí, no interior do Amazonas. Segundo a defesa da mulher, a decisão foi tomada por conta da participação dela no linchamento do suspeito do crime. A informação foi divulgada na segunda-feira (7).
O caso aconteceu em 2024. Após a morte da criança, uma multidão invadiu a delegacia de Jutaí e matou um homem que havia sido preso suspeito de estuprar e matar a menina. Quatorze pessoas se tornaram rés pelo linchamento — entre elas, a mãe da criança, que estava presa preventivamente até então.
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De acordo com o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), a audiência de instrução do processo que envolve os 14 réus começou na segunda-feira (7). Eles respondem pelos crimes de homicídio qualificado e vilipêndio de cadáver.
Inicialmente, o processo tinha 16 réus, mas dois não foram localizados e a Justiça determinou o desmembramento do caso. Os 14 réus citados apresentaram resposta à acusação — alguns com advogados particulares, outros com a Defensoria Pública.
No primeiro dia de audiência, foram ouvidas 11 testemunhas indicadas pelo Ministério Público e também pelas defesas. Uma das defesas arrolou outras duas testemunhas adicionais, que são peritos. A sessão começou às 8h30 e foi suspensa às 20h. A data para continuação ainda será definida.
Ao final da audiência, o Ministério Público solicitou a revogação das prisões dos réus que estavam detidos, alegando excesso de prazo — já que eles estão presos há oito meses. O juiz acolheu o pedido e revogou a prisão de cinco pessoas.
Entre os que tiveram a liberdade concedida está a mãe da criança, conforme informou o advogado Wilson Benayon. Segundo ele, a mulher não participou diretamente da morte do suspeito.
"Ela estava lá, presente na manifestação, mas não foi ela que matou. Isso ficou bem claro. Mas essa mãe está sofrendo as piores privações de sua vida. Está presa e encarcerada há mais de oito meses", afirmou.
O advogado destacou ainda o impacto emocional da prisão:
"Após o pedido de revogação da prisão preventiva, o Ministério Público e o juiz reconheceram o excesso de prazo e impuseram as cautelares para a revogação da prisão. Você imagina o estado psicológico dessa mãe que não teve sequer a oportunidade de ter o luto de sua filha, que fora presa, encarcerada, e passou oito meses presa, sendo acusada de matar um algoz que estuprou e matou sua filha com requinte de crueldade", disse.
Ele relembrou as circunstâncias da morte da criança: "Você imagina ter uma filha de um ano estuprada e morta, esganada e jogada no rio. Até hoje não foi achado seu corpo. Esse é o caso Vitória. É um caso que nós temos que ter a reflexão sobre a importância da sociedade, a opinião pública, o Estado Democrático de Direito e o devido processo legal", concluiu.
O caso
Uma multidão invadiu a delegacia de Jutaí, no interior do Amazonas, e linchou um homem que havia sido preso, suspeito de estuprar uma criança de 1 ano e 6 meses de idade. A vítima havia desaparecido na noite anterior, enquanto dormia em um flutuante no porto de Jutaí.
Na noite de 19 de setembro, durante o interrogatório do suspeito, uma multidão revoltada com o crime cercou a delegacia e invadiu o local. Na ocasião, os populares usaram rojões, coquéteis molotovs e garrafas de vidro que foram lançados em direção ao prédio, conforme informações da Polícia Militar.
Ao entrar na delegacia, a multidão conseguiu localizar o suspeito, que foi levado para via pública e foi linchado.
Suspeito de matar bebê é linchado em Jutaí.FONTE: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2025/07/08/justica-solta-mae-de-bebe-estuprada-e-morta-no-am-apos-8-meses-de-prisao.ghtml