Manaus reduz quase 90% dos casos de doença transmitida pela água em 7 anos de expansão do saneamento

  • 31/10/2025
(Foto: Reprodução)
Investimentos em saneamento ajudaram Manaus a reduzir quase 90% dos casos de hepatite A em sete anos. Rede Amazônica Manaus registrou uma queda de 88% nos casos de hepatite A nos últimos sete anos: de 52 notificações da doença em 2018, a cidade passou para apenas seis em 2024, segundo dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM). O avanço é fruto da ampliação da rede de esgotamento sanitário na capital. A redução dos casos da doença acompanha a expansão do esgotamento sanitário da cidade. Segundo a Águas de Manaus: 📈 Cobertura do serviço: aumentou de 19% para 33% em sete anos 💰 Investimentos no segmento: já superaram R$ 1,6 bilhão 🏢 Fonte: Jéssica Candeia, gerente de operações “A cada um real investido em saneamento, quatro retornam em saúde. Nosso trabalho vem sendo feito com grandes investimentos desde 2018 e segue em expansão. A meta é alcançar a universalização, ou seja, 90% de cobertura, até 2033”, afirmou Jéssica Candeia, gerente de operações da concessionária. 📲 Participe do canal do g1 AM no WhatsApp Com a ampliação do esgotamento sanitário ao longo dos últimos anos, Manaus registrou uma melhora significativa nas condições de saúde pública. À medida que a rede de coleta e tratamento de esgoto foi sendo expandida, a cidade passou a reduzir os riscos de contaminação da água e de propagação de doenças. "O tratamento de esgoto começa em casa. Quando abrimos a torneira, a ligação da residência se conecta à rede coletora, que segue para as estações elevatórias. De lá, a água chega às unidades de tratamento e retorna aos rios e igarapés em condições muito melhores, garantindo saúde e qualidade de vida para a população", explicou Jéssica. Manaus vive queda nos casos de Hepatite A. Arquivo A situação é diferente daquela vivida pelos manauaras há 30 anos, quando a capital amazonense viveu um surto da doença. Em abril daquele ano, segundo a Folha de São Paulo, 190 casos da doença já haviam sido confirmados e havia mais de mil suspeitos. Naquela época, de acordo com o coordenador estadual de epidemiologia da Fundação Nacional de Saúde (FNS), Worney Braga, as crianças na faixa de dez anos eram as mais atingidas. A redução de casos da doença ocorrida entre 2018 a 2024 também persiste em 2025. Nos três primeiros trimestres do ano, a cidade registrou apenas seis casos da doença. A situação vivida em Manaus acompanha a tendência registrada em toda a Amazônia Legal, segundo um estudo divulgado em setembro deste ano pelo Trata Brasil. Entre 2005 e 2022, a região apresentou uma queda expressiva na incidência de doenças de veiculação hídrica e respiratórias, que passaram de 11,099 casos por mil habitantes para 5,519 por mil. Esse recuo de 50,3% em 17 anos revela avanços importantes na saúde pública e reforça a ligação direta entre melhores condições de saneamento e a redução de enfermidades que afetam especialmente a população mais vulnerável. ESTUDO: Apenas 81% da população do AM tem acesso à água encanada, aponta estudo nacional O resultado, segundo o estudo, está associado à ampliação da cobertura de serviços básicos de saneamento no período. O acesso à água potável, por exemplo, subiu de 50,5% para 64,5% da população total. Já a coleta de esgoto, um dos indicadores mais críticos de infraestrutura urbana, mais que dobrou: passou de apenas 6,2% para 17,6% dos moradores. Embora os números ainda mostrem um grande desafio pela frente, o avanço evidencia que investimentos contínuos nessa área resultam em ganhos concretos para a qualidade de vida e para a saúde coletiva. Uma contaminação silenciosa Jornalista Felipe Moura foi diagnosticado com a doença em 2013. Divulgação O jornalista Felipe Moura, de 30 anos, foi uma das vítimas da doença. Em 2013, quando tinha apenas 18 anos, ele enfrentou o problema e lembra que tudo começou após participar de atividades em um local onde a água não parecia adequada para o consumo. "No meu caso, houve a suspeita de ter sido por água, por ter participado de algumas atividades em um lugar onde a água tinha um gosto um pouco ruim, de ferrugem. Então há essa suspeita de que foi na água, mas pode ter sido também por alimentos", lembrou. Ele conta que os primeiros sinais apareceram ainda no segundo semestre daquele ano, com sintomas que chamaram sua atenção e o levaram a procurar atendimento médico: Urina escura Olhos e pele amarelados Cansaço constante Perda de 6 a 7 quilos "No segundo semestre daquele ano, comecei a apresentar sintomas diferentes do habitual. Isso me deixou preocupado e me levou a procurar uma UBS, onde o médico suspeitou de hepatite e me encaminhou ao Hospital Tropical. Lá, após os exames de sangue, veio a confirmação da doença", contou Felipe. Após o diagnóstico, Felipe iniciou um tratamento que exigiu cuidados rigorosos com a alimentação e a higiene, além de um período de reclusão em casa. "A partir dali, iniciei um tratamento de seis meses, realizado em casa, mas com acompanhamento semanal no Hospital Tropical para exames de sangue. Tive que adotar uma alimentação leve e cuidadosa, com verduras e legumes bem higienizados, além de evitar o compartilhamento de pratos e utensílios. Com essa rotina de cuidados, restrição alimentar e acompanhamento médico, consegui me recuperar totalmente da hepatite A e retomar a vida normalmente". Após a recuperação, Felipe contou que a experiência serviu como um alerta sobre a importância de cuidar da própria saúde. "Depois desse episódio, passei a ter muito mais cuidado com tudo que pudesse afetar o fígado, já que a hepatite é uma infecção aguda nesse órgão. Desde então, mantenho atenção com a alimentação e com hábitos que possam prejudicar a saúde. Felizmente, não tive nenhum outro episódio, mas continuo acreditando que todo cuidado é pouco", disse. O que é a hepatite A e como é transmitida O vírus da Hepatite A (HVA) causa inflamação aguda no fígado e é a forma mais comum de hepatite viral. Alain Grillet-Sanofi Pasteur A hepatite A é uma infecção viral que atinge o fígado, podendo causar inflamação e comprometer suas funções. A transmissão ocorre, principalmente, pela ingestão de água ou alimentos contaminados e pelo contato com pessoas infectadas. O infectologista Nelson Barbosa explica que a doença é transmitida pela via fecal-oral, ou seja, quando uma pessoa saudável entra em contato com água contaminada por fezes ou lixo. “Quando não há rede de esgoto adequada, esses dejetos podem alcançar rios, igarapés ou até mesmo o abastecimento de água, aumentando o risco de infecção”, afirma Barbosa. Segundo ele, com a implantação da rede de esgotamento sanitário, os resíduos passam a ter destinação correta, evitando esse contato e, consequentemente, reduzindo a incidência da doença. Os sintomas mais comuns incluem: 😴 Cansaço 🤒 Febre 🤢 Náuseas 🤕 Dor abdominal ⚫ Urina escura 🟡 Pele ou olhos amarelados (icterícia) Em alguns casos, a doença pode ser assintomática, mas ainda assim representar riscos de transmissão. Embora geralmente não evolua para formas crônicas, a hepatite A pode trazer complicações em pessoas com o sistema imunológico fragilizado ou com outras doenças no fígado. Por isso, o acesso ao saneamento básico é a principal forma de prevenção para essa e outras doenças. "Além da hepatite A, o saneamento básico contribui para diminuir outros problemas de saúde, como parasitoses intestinais, diarreias e até a leptospirose. Isso porque muitas dessas doenças estão diretamente relacionadas ao contato com água contaminada. Portanto, quando a rede de esgoto funciona de forma eficiente, os casos tendem a cair de maneira significativa". Como é feito o tratamento de esgoto A meta da empresa é, em até dez anos, levar o serviço a 90% da cidade. Divulgação/Águas de Manaus Para conectar uma residência ao sistema de esgoto, o morador instala um terminal de interligação e limpeza (caixa de inspeção) na calçada. As tubulações internas se conectam a esse terminal, permitindo a coleta e envio do esgoto para uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). O esgoto passa por cinco etapas: 🚚 Coleta: transporte do esgoto das residências e comércios até a estação 🧹 Gradeamento: retirada de resíduos sólidos maiores, como plásticos e papéis 🧫 Tratamento biológico: microrganismos degradam a matéria orgânica 🧴 Desinfecção: aplicação de produto químico que elimina agentes causadores de doenças 💧 Devolução ao meio ambiente: água tratada retorna limpa aos rios e igarapés A meta da Águas de Manaus é alcançar 90% da cidade atendida em dez anos, com 2,7 milhões de metros de redes coletoras e a construção ou ampliação de ao menos 70 ETEs distribuídas por todas as zonas da capital. Saneamento: Meta é levar saneamento básico para toda cidade de Manaus até 2033

FONTE: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2025/10/31/manaus-reduz-quase-90percent-dos-casos-de-doenca-transmitida-pela-agua-em-7-anos-de-expansao-do-saneamento.ghtml


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